sábado, 25 de julho de 2009

Controlando o Fogo

A primeira coisa que fiz quando decidi aprender a manipular as chamas foi procurar e encontrar aquela que era conhecida como "Quarta Entrada do Inferno".
Isso levou tempo... quem quer ir ao inferno, afinal?
...eu queria...
E foi com um certo custo que consegui encontrar um guia.
Seu nome... por motivos pessoais prefiro não contar... mas o sujeitinho, relativamente parecido com um fauno e tão amigavel quanto uma serpente, por um preço justo cumpriu com sua função.

Primeiro houve um ritual... o qual, é claro, também não irei descrever. Imagine como quiser...
De uma forma ou de outra, eu nunca gostei de rituais... aos meus olhos não passam de floreados arcaícos com a finalidade de reunir energia para um propósito... menos de cinco minutos em um estado adequado de concentração fazem o mesmo serviço...
...mas, é só minha opinião... e como de qualquer forma o guia precisava disso para continuar...

Logo em seguida nos dirigimos para a parede de uma montanha a qual atravessamos como se não existisse...
Caímos em uma caverna escura, quente e fedida que seguia em linha descendente. O chão estava coberto com fuligem e quanto mais desciamos mais quente ele ficava.

Após algum tempo de caminhada fios de lava começaram a surgir escorrendo pela parede e entrando em buracos no chão... goteiras acidas presentes ali por anos já haviam formado enormes crateras...
Eu apreciava essa paisagem um pouco desconfortavel com a fumaça enquanto seguia meu guia.

Quando finalmente paramos de andar a caverna havia desembocado num gigantesco salão em chamas.
Na minha frente havia somente uma ponte feita de marmore branco e efeitada com simbolos e estatuas, terminando em um grande circulo com um buraco no meio, como uma enorme rosquinha.
Tanto a ponte quanto seu destino eram suspensos por correntes enormes e entre os sons das explosões era possível ouvir barulhos parecidos com gritos vindo dos rangidos destas correntes.

...quase assustador...

Parado no lugar, contemplando aquela magnifica arquitetura do inconsciente coletivo de sabe-se-lá quantas pessoas, fui tomado por uma euforia interessante.
O suspiro de empolgação que dei foi confundido com medo por meu companheiro que rindo-se por dentro imediatamente se ofereceu a levar-me de volta por um preço justo...

Paguei-o como havia prometido...
Emoções desgarradas de crianças torturadas nunca valeram tanto.
O cristal reluziu em sua mão e mais do que satisfeito ele se despediu.

Eu... segui em frente com os pés ardendo sobre a ponte e mergulhei no buraco no meio do grande círculo...

O que este ato me reservou não revelarei... conto apenas que cerca de 6.800 anos depois, quando o mesmo guia foi me buscar, pela primeira vez em muito tempo aquele lugar ficou tão frio quanto o polo norte...

O inferno humano não é tão desagradavel assim...

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