segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Dance with me... one more time...


- Foi você quem escolheu. E por sua escolha todos os seus caminhos passaram sempre a ser sem retorno. - disse a voz em meio a escuridão.

O sangue escorrendo pelo corpo, a respiração ofegante, a visão sem foco e os dedos cerrados no punho da espada.

- Afim de atingir a mudança que você deseja primeiro terá de enfrentar seu inconsciente... Tudo o que você nega... E tudo o que você reprime...

Silêncio.
O bater do coração ecoando no interior.

- Se você tivesse a chance de escolher entre salvar o mundo ou detruí-lo... o que escolheria? - perguntou a garota com um certo pesar.
- E que diferença isso faz agora?
- Se você escolher destruir este mundo... Eu vou te impedir.
- Mesmo? - ele retrucou com desdem.
- Não brinque com isso...


Os espelhos se encontram. Se encaram.
Desejo, raiva, dor, angustia e amor...
Um toque sutil no rosto... Tenso...
...Quente...

- Por que você não chora? Você se comporta como se não pudesse ser ferido.
- Chorar? Não, isso não é pra mim...
- Por que? Se acha melhor? Diferente?
- Sim, me acho sim... Pelo menos um pouco. Mas na verdade acredito que chorar não passe de um total desperdicio emocional.
- Você não imagina como isso me irrita.
- E você não imagina como isso me incomoda.

O vento sopra, enfim...
A noite calma exibe um céu repleto de estrelas e sem luar. As luzes dos postes contrastam com a escuridão dando um certo brilho ao piso molhado pela chuva do final da tarde.
Sonhos vagam por entre as sombras.

- O que há de errado conosco, afinal? Que escolhas foram estas que fizemos? Por que escolhemos sofrer?
- Eu não gosto de pensar nessas coisas.
- Mas acredito que...Como eu... Você pense nisso de quando em quando. Pelo menos é nisso que quero acreditar.
- Cada um acredita no que quiser, não é?
- E você poderia negar, com sinceridade, que não pensa?

Um carro passa e algumas folhas caem. Momentos inquietos de almas auto-flageladas.
O portão da casa sempre foi barulhento. Ao fundo as luzes da janela transpassam a cortina. Não é tão tarde...

- E por que temos que ser tão orgulhosos? Se eu não disser você nunca irá falar...
- Falar o que? Dizer o que?
- Não importa... Estar aqui ao seu lado, mesmo que desse jeito, já basta pra mim...
- Você se contenta com tão pouco.
- Eu simplesmente aproveito o que tenho a meu dispor. A vida é curta... Curta demais... E as vezes eu sinto como se tudo fosse se acabar em um inesperado suspiro. Não tenho nada além do agora...
- Que dramático.
- Um tanto quanto, mas em partes é real... E você sabe que é.
- Sei?
- Por que não para de se esquivar? Pelo menos uma noite... Esta noite... Dance comigo...

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